Outro dia estava conversando com a coordenadora do Curso de Serviço Social, Profa. Juliene Aglio, e dizia a ela que gostava bastante da forma como a língua espanhola denomina o Serviço Social: “Trabajo Social” (lê-se trabarro social, enrolando a língua para falar a letra ele).Isto, porque gosto de pensar nos assistentes sociais como “trabalhadores sociais” (o curso não é de “Assistência Social”, é “Serviço”, portanto é trabalho). Para mim, são trabalhadores da cidadania, empenhados em sua promoção de forma efetiva.
Como historiador e professor de Formação Sócio-Histórica do Brasil, tenho a oportunidade de dialogar com os futuros assistentes sociais sobre os processos históricos de produção da cidadania neste Brasil sempre em construção.
“Ah, então eu vou estudar História no curso de Serviço Social?” Sim. E vai compreender que a cidadania (conjunto de direitos sociais, políticos e individuais) é o resultado da ação de mulheres e homens que fazem a História. Vai ver que a estrutura desigual da sociedade brasileira faz dessa cidadania uma cidadania parcial e regulada, às vezes ditada de cima para baixo, e muitas outras sonegadas.
O assistente social, que utiliza, além do seu próprio instrumental o da História e de outras Ciências Humanas, trabalha diariamente em contato com a dureza dos direitos negados. Confronta-se com o excluído, o marginalizado, o vulnerável, o hipossuficiente. Põe suas mãos e corpo no trabalho desse resgate de esperança aos subcidadãos. “Mãos laboriosas”, “mãos doceiras”, as “mãos de semeador” de que falou a poetisa Cora Coralina.
